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Corrupção e morte nas rodovias

Beto Richa (foto) deixou o governo do Paraná em abril do ano passado com uma vaga no Senado Federal dita como garantida, além disso, pretendia eleger o filho deputado estadual e continuar sendo referência do seu partido, o PSDB, no estado. Nem uma coisa e nem outra. E o pior, foi parar na prisão e colocou definitivamente o governo paranaense nas páginas policiais. Richa foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção passiva e pertencimento a organização criminosa em um esquema de propina em contratos de concessão de pedágio. Aponta-se o desvio de R$ 8,4 bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração, e de obras rodoviárias não executadas. Tudo isso teria resultado no pagamento de propina na ordem de R$ 35 milhões.

Só nesta operação, feita de forma conjunta pela Polícia Federal e Receita e Polícia Rodoviária Federal, 33 pessoas foram denunciadas. E além do condenável fato da apropriação indevida do dinheiro público, há um agravamento sem tamanho, a avaliação feita pela força-tarefa da Lava Jato de que “muitas mortes teriam sido evitadas” se as obras de duplicação das estradas que estavam programadas para o Anel de Integração do Paraná tivessem sido realizadas. “Esse talvez seja o caso da Lava Jato em que haja uma relação mais direta, clara, imediata, entre a corrupção e as mortes que ela ocasiona. Muitas mortes teriam sido evitadas se essas duplicações tivessem acontecido do modo adequado” disse nesta semana o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol.

Preso desde a última sexta-feira, Beto Richa foi transferido ontem do Batalhão de Polícia Montada Coronel Dulcídio, da Polícia Militar, para o Complexo Médico Penal de Pinhais, unidade onde estão presos da Justiça Federal, principalmente os envolvidos na Operação Lava Jato. Acredita-se que ainda há muito o que se revelar em relação a passagem do tucano pelo governo do Paraná e nos bastidores da política local fala-se também no envolvimento de figuras conhecidas e até com mandato eletivo em curso.

É no mínimo intrigante pensar que alguém nascido numa família abastada e de tamanha tradição e que chega ao cargo de governador de um estado precise praticar corrupção. Por sinal, sem a mínima preocupação com eventuais consequências. Obviamente que uma pessoa só não consegue operar um esquema desse volume, existe muitos envolvidos. Todos, é claro, embriagados pelo desejo desenfreado de riqueza, poder e fama.

As colocações do procurador Deltan Dallagnol provocam ampla reflexão do quanto custa a corrupção para o país. Neste caso, em especial, além de custar muito dinheiro, também podem ter custado muitas vidas.

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