Site icon Jornal O Regional

Comercialização do fumo preocupa os produtores

Entidades de apoio aos fumicultores vêm, desde safras anteriores, acompanhando o processo de compra do fumo. Foto: Luciana Jost Radtke/AfubraA fumicultura vem sendo diretamente impactada pelos efeitos da pandemia da Covid-19. Após uma boa produtividade e o término da colheita, a comercialização foi iniciada nos primeiros meses do ano, mas logo suspensa por um breve período, sendo retomada com várias restrições da saúde, o que fez com que este processo se estendesse. Com alta produtividade e a recessão econômica, as empresas fumageiras tornaram a classificação ainda mais rígida, desagradando os produtores.

Segundo o inspetor de campo da Afubra, Vilmar Niser, a pandemia fez com que o ritmo de compras das empresas caísse drasticamente. “Em alguns casos, este procedimento vai se estender até o próximo mês”, relata Niser, pontuando sobre a produção desta safra. “Foi uma lavoura que apresentou boa quantidade, no entanto, o fumo da copa sofreu uma queda na qualidade devido à seca dos primeiros meses do ano”, relata.

Com a produção alta, as fumageiras têm tido grande rigor na compra, adquirindo apenas a estimativa que havia sido calculada com o orientador. “É uma prática, que não é recomendada, mas muito comum dos agricultores o plantio de uma parte extra, que não é contratada pelas empresas. Geralmente, este tabaco não tem seguro em caso de granizo e é comercializado a terceiros”, explica Niser, pontuando que neste ano o cenário se inverteu. “Está sobrando tabaco e pode ter produtores que vão ficar com esta parte adicional no galpão. Com isso, estão havendo muitos casos de produtores que têm entregado o fumo por um valor muito abaixo do valor real, não cobrindo nem mesmo os custos de produção”, conta Niser.

Para a próxima safra, a estimativa é de que a área plantada se mantenha ou amplie, o que pode dificultar ainda mais a valorização da fumicultura. “Nos três estados do Sul, a produção desta safra deve fechar com um acréscimo de 50 mil toneladas, chegando próximo a 700 mil. Apesar disso, não vemos qualquer sinalização de uma diminuição da produção”, detalha Niser, salientando a necessidade de se diminuir o plantio. “É preciso que o agricultor plante a quantidade de tabaco que a propriedade absorva, priorizando a utilização de mão de obra familiar. Caso contrário, o produto terá excesso e seguirá desvalorizado, fazendo com que para muitos se torne inviável se manter na atividade”, alerta.

Próxima safra – A espera de finalizar a venda da lavoura atual, os produtores já deram início aos trabalhos da safra 2020/2021. Nas últimas semanas, os trabalhos estiveram concentrados na confecção dos canteiros, sendo também semeados canteiros. A Afubra ressalta que os produtores devem estar atentos as recomendações dos orientadores das empresas contratadas.

Sair da versão mobile